Estou reativando minhas palavras. Ou pelo menos tentando.
Sou inconstante e talvez imprevisível. A verdade sobre mim é que eu nunca fui bem-comportada. Educada, sim, quase sempre. Atrapalhada, desengonçada, pés pelas mãos. Nunca tive vocação pra santinha. Cabeça dura, coração mole. Não sirvo pra viver aos poucos, não gosto de copos meio vazios e estou sempre meio cheia de mim.
Ao respirar profundamente, depois de um dia esperando as coisas acontecer, (e nada acontece) a chuva lá fora e o frio aqui no meu pé, me deixa agoniada, e como sempre me impulsiona ao meu LIMITE.
O meu limite abre sempre a mesma ferida interna, que me parece nunca cicatrizar. Me deixa exalta da minha própria rotina. E nesse momento me encontro sentindo todas as dores, todas as
dúvidas, todos os medos, todos os abandonos.
E como comigo é sempre oito ou oitenta, tudo ou nada. Doa a quem doer, ainda que seja em mim. Me pego no meu velho hábito de explodir no meio do dia, e como é da minha essência: transbordo, faço tempestade em copo d’água.
Tive vontade de chorar, mas nada saiu. Era
apenas uma espécie de doença triste, doença da tristeza, quando você não pode
se sentir pior. Eu acho que você conhece isso. Acho que todo mundo conhece isso
de vez em quando.
E como diz minha autora preferida Clarice Lispector: "Cansei de mentir pra mim, pra ver se dói menos."
Mas mesmo nessa loucura eu ainda estou no mesmo lugar, esperando. Esperando as desculpas, os abraços e até as confissões. Se virão algum dia? Eu não sei, mas estou aqui, esperando.
Eu espero por milagres com
uma fé cega. Esperar torna-se algo precioso quando você tropeça na própria pressa.
E essa pressa me leva a chorar... e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo. Estes pequenos detalhes são o que traduzem o que a vida tem de mais puro e cru.